terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Eu?

Quem sou eu? O que sou eu? O que é o eu? O que estou chamando de eu? Eu aonde? Até onde? Até quando?

quinta-feira, 28 de março de 2013

buraco negro


sensação abrange tudo que podemos verificar
através de nossos próprios sentimentos e impressões....

já quando se pergunta acerca da Verdade,
tamanha é a densidade e gravidade de tal pergunta,
que ela se dobra sobre si mesma.
dentro de mim um buraco negro.

que primeiro, suga tudo, e estraçalha à poeira
qualquer teoria, crença, sensação minha que
se coloque diante dele como ponto fixo, lei, coisa "real" .

já sem nenhuma dessas coisas,
já sem nada,
o silêncio...

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

café em redemoinho na xícara

passou seu café, 

quente e fresco como fé,
serviu-se numa xícara grande
sem açúcar nem dó.

E para não se queimar,
acreditou, iria chegar,
pôs-se em guarda
do momento certo...

Mas certos pensamentos nocivos,
cheios de noções de tempo,
distraíram seus olhos, de fora
para dentro, redemoinho em colher.

E quando finalmente
acordou, suspiro
de dentro pra fora,
recompôs em cadeira.

levantou asa
bebeu e cuspiu,
frio e mole como fel,

seu café passou.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

um homem de posses

nasceu
...experimentou
e o prazer o guiou pela própria sobrevivência
como a luz de um farol. Desejou-o, apenas,
assim ansiou o controle.

Suas memórias cresciam com o tempo,
e o tempo crescia com elas,
então o tempo ficou grande demais,
crescendo para frente e para traz
se alimentando de mais e mais experiencias,
experiencias estas desejadas,
e delas o tempo engravidava
de frustrações e alegrias.

experiencias sobre experiencias,
não mais novas, nem conhecidas,
apenas reconhecidas pelo tempo.

Para manter esta monstruosa arquitetura
que crescia assustadoramente,
sem organização, nem sustentação,
de pé,
inventou bases,
e como bases não podem ser inventadas,
nasceram crenças.

Tornou-se assim
um homem de posses.
tudo era dele,
o tempo, as memórias, as frustrações, as alegrias
os desejos, as experiências, pensamentos e classes

em algum momento
dentro deste labirinto
vivo e voraz
perdeu-se

Cercado por suas posses,
pensou estar a salvo
da própria insegurança.

mas então, sentiu-se só
de uma solidão separatista,
abortiva, cortante, aguda e doída.

Quiz sair
mas estava preso.
Não havia saída
que ele conhecesse.
tudo era barulhento

como uma presse cansada,
fez a si mesmo,
uma única, simple e sincera
pergunta.

os portões do silêncio se abriram
levando consigo todos os conceitos, pedras, e montes de julgamentos,
e até mesmo memórias e montanhas voaram.

o homem se vendo
ali, completamente nú,
e sem posses,
vislumbrou
o céu.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

eu quem?

Quem sabe?
sabe o que?
que é saber?
se si morre, morre junto o saber.
se tenta passar o saber, adiante já não é mais mesmo saber.

- mas EU sei.
- eu quem?
que é eu?
se si morre, morre junto o eu.
se tenta passar o eu, adiante já não é mais mesmo eu.



segunda-feira, 26 de março de 2012

Vício

Guerras, Fome, Desastres, Violência, Morte desnecessária, a própria
confusão de cada ser em si. Tudo em conseqüência da lucidez aparente em que nós
julgamos viver. Lucidez vestida de Verdade. Porém na verdade essa lucidez é 
o próprio embriagar.

E nada pode faltar, muito menos o álcool dos carros, das máquinas, das
roupas, da marcas, da NASA, o combustível do capitalismo insano, o
álcool extraído dos falsos valores.

É desse álcool que toda essa gente se embriaga, se perde, se engasga,
e perde os sentidos com essa falsa lucidez devassa.
Que destrói o homem, os lares, as cidades, as nações, o mundo.

O homem continua destruindo sua casa, viciado nessa ilusão de realidade imunda.
Viciado nessa sentença, "é assim mesmo", viciado
nesse álcool, e não percebe os espelhos estilhaçados pelo chão, a
cortina rasgada, a casa suja já sem algumas telhas, a porta
arrombada.

Não percebe, está embriagado desse álcool extraído dos falsos.

Os filhos se embriagam desde que nascem, os pais morrem do tal álcool, as
mães sofrem e se embriagam também chorando as escondidas.

Perderam se nas palavras de um poeta igualmente embriagado.

Todos parecem confusos, abelhas perdidas depois da morte da rainha.
Esqueceram que na humanidade todos somos por natureza e vontade, reis
e rainhas da nossa própria liberdade, do nosso próprio intimo ser,
do nosso eu resguardado, que não é esse que se perde, é o
ser interno que está integrado, está ligado, faz parte, do todo, de
Deus, do Cosmos. Este eu existe, e respira o ar da Verdade Real, a
Verdade certa, a Verdade inteira. A Verdade.

E eu sei que todos estão cegos, mas eu também não vejo.