segunda-feira, 17 de outubro de 2011

penso.

pensa ter o que pensa.
pensa existir o que pensa.
pensa julgar o que pensa.
pensa guardar o que pensa.
pensa o que pensa.

pensa que foi o que pensa.
pensa que será o que pensa.
pensa que é o que pensa.

será que é possível sair de si?


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

os donos do teatro


Neste teatro, que criaram, interpretando-se donos de coisas, de pessoas, todos já colocaram seus pés e suas bandeiras em tudo, tudo por aí.
Para se possuir algo também, neste cenário, só mesmo interpretando um soldado. No papel de boa pessoa, no palco uma guerra de posses, se sirva como escravo.

Da platéia, observo que estes atores de tanto encarnar e incorporar seus personagens, nem sabem mais de quem se tratam.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

segunda-feira, 18 de julho de 2011

pular


na beira de abismo ainda estamos bem,
podemos ficar assombrados com o tamanho da queda,
mas ainda estamos bem.
e estamos bem até mesmo enquanto caímos
em queda livre, mergulhando no ar
até que o fim bata contra nosso corpo
e a dor é a do desgarrar-se.



tudo acontece.
o sofrimento é a resistência.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

mal criado

Como posso ser tão cruel comigo?
E como posso me arrogar ser algo?
Ser algo para quem? para quem além de mim?
Pois eu sou o que sou.
E o que sou não tem tamanho nem idade,
e além disso é incomparável.

Então, seja lá o que for isso que mora em mim,
que criou-se em mim, que acredita feito um fanático,
e que pensa feito um lunático, egoísta, insolente,
mimado, saiba que eu te amo filho.
Me perdoe por ter te mal criado assim.

ver de verdade

...só é possível conhecer o passado. E ainda assim como coisa feita de registros inscritos e traduzidos a duvidosas interpretações e acessadas como lembranças dentro de um mundo que provavelmente fica dentro de apenas uma cabeça, no que chamam de cérebro. Que por acaso tem um nome bem esquisitinho para algo tão assustadora(mente) brilhante. Mas voltando ao ato de conhecer, penso ser humanamente impossível conhecer dessa forma, qualquer coisa nova, feita de agora, como você aí, mesmo com tantas lembranças marcadas em minhas lentes flutuando à sua frente. Então é preciso limpar para poder ver de verdade, mas aí então você irá perceber algo que nunca foi esperado. E não sou eu quem vai estragar a surpresa.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

arraias

não suponha o que não se pode saber.
se vc me ficar assim com esses olhos amargos,
não vais mais conseguir me ver.

meus quereres sobrevoam.
libélulas dançam livres sobre águas prateadas.
num lençol de água, medos em ondas de força se repetem no meio do vazio.

vc me disse que me vê. então me diga onde estou agora?
eu e vc éramos lindas, livres, dançando nas beiras destes imensos abismos... nadando sóbrias no fundo do mar embaixo da minha capa preta.

vc disse não, pela primeira vez.
e eu te pedi: - segure a minha mão,
se vc não olhar nos meus olhos e dentro de mim agora,
vc vai cair, pra outro lugar, onde eu não existo mais.

são apenas dois segundos
pra vc decidir

segunda-feira, 28 de março de 2011

esperanças

E toda vez que procurei o mesmo porto,
nos reconhecíamos e eu me encontrava seguro,
mas agora, neste mesmo cenário
passa uma forte tempestade azul marinho.

ha muito barulho lá fora
será que vai arrebentar?

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O poeta bêbado e o botão de flor

Era uma vez um poeta bêbado,
que não sabia que era bêbado.
Achava que o mundo que era torto,
e os outros, bobos.

Um dia inspirado pelo acaso,
declamou improvisado,
um poema a um botão de flor calado.

Enrubescida, a flor menina,
lhe estendeu uma pétala tímida.
Impressionara-se e estranhamente se apaixonaram

Embriagado, desajeitado,
o poeta encantado, quis também encantar a flor
pra lhe abrir todas as pétalas,
declamou depressa seguidos poemas ruins e sem nexo.

Ao sentir seu bafo a flor fechou-se para o coitado.
Coitado, sentiu seu peito se fechar,
sufocou até cair, soprou o ar nas próprias mãos
e disse:
- tens razão, não te mereço. Tu és uma flor e eu... um bêbado.

Ao se enxergar assim, o poeta despertou sóbrio.