segunda-feira, 27 de agosto de 2012

um homem de posses

nasceu
...experimentou
e o prazer o guiou pela própria sobrevivência
como a luz de um farol. Desejou-o, apenas,
assim ansiou o controle.

Suas memórias cresciam com o tempo,
e o tempo crescia com elas,
então o tempo ficou grande demais,
crescendo para frente e para traz
se alimentando de mais e mais experiencias,
experiencias estas desejadas,
e delas o tempo engravidava
de frustrações e alegrias.

experiencias sobre experiencias,
não mais novas, nem conhecidas,
apenas reconhecidas pelo tempo.

Para manter esta monstruosa arquitetura
que crescia assustadoramente,
sem organização, nem sustentação,
de pé,
inventou bases,
e como bases não podem ser inventadas,
nasceram crenças.

Tornou-se assim
um homem de posses.
tudo era dele,
o tempo, as memórias, as frustrações, as alegrias
os desejos, as experiências, pensamentos e classes

em algum momento
dentro deste labirinto
vivo e voraz
perdeu-se

Cercado por suas posses,
pensou estar a salvo
da própria insegurança.

mas então, sentiu-se só
de uma solidão separatista,
abortiva, cortante, aguda e doída.

Quiz sair
mas estava preso.
Não havia saída
que ele conhecesse.
tudo era barulhento

como uma presse cansada,
fez a si mesmo,
uma única, simple e sincera
pergunta.

os portões do silêncio se abriram
levando consigo todos os conceitos, pedras, e montes de julgamentos,
e até mesmo memórias e montanhas voaram.

o homem se vendo
ali, completamente nú,
e sem posses,
vislumbrou
o céu.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

eu quem?

Quem sabe?
sabe o que?
que é saber?
se si morre, morre junto o saber.
se tenta passar o saber, adiante já não é mais mesmo saber.

- mas EU sei.
- eu quem?
que é eu?
se si morre, morre junto o eu.
se tenta passar o eu, adiante já não é mais mesmo eu.